o resto
o resto
as lágrimas são uma constelação tão conhecida que as decorei no pensamento,
enquanto me devoram por inteiro eu me refaço em pedaços vazios.
Não há música que consiga replicar o som lastimável que os meus pés
fazem quando me conduzo em um ritmo sonolento e descalço.
As cores se desfazem uma a uma,
mas vejo a escória amargurada me tocar a alma em uma espécie
de grito entalado que perturba meu silêncio.
Resta um barulho que denuncia o choro fanhoso que não
desgruda de minhas entranhas incineradas.
Uma lágrima resta quando
todo o restante queimou em brasas.
Alguém enxerga a escuridão devorando meus olhos castanhos
todo o restante queimou em brasas.
Alguém enxerga a escuridão devorando meus olhos castanhos
e me conduzindo lentamente em direção aos meus delírios frenéticos,
descompassados,
traiçoeiros,
viciosos
e doentes.
Tenho olhos de quem vê a morte sorrateiramente aqui.
Resta um punhado de dor mantendo-me viva,
traiçoeiros,
viciosos
e doentes.
Tenho olhos de quem vê a morte sorrateiramente aqui.
Resta um punhado de dor mantendo-me viva,
respirando entre confusões e distorções que já não me esforço para distinguir.
Repasso minhas tardes como alguém que espera dias melhores,
mas que vê apenas a escuridão resguardando essa espera e tornando
cinzento e ranzinza meu entardecer.
Tudo é ausência de cor.
A música já não me acompanha.
Assim como minhas palavras, que já não conseguem trazer o alivio
Repasso minhas tardes como alguém que espera dias melhores,
mas que vê apenas a escuridão resguardando essa espera e tornando
cinzento e ranzinza meu entardecer.
Tudo é ausência de cor.
A música já não me acompanha.
Assim como minhas palavras, que já não conseguem trazer o alivio
para a agonia que transpira de minhas têmporas
e de toda alma.
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