Eu me faço | poema

Sou inteiramente saudade,
me faço na falta que há.
Os instantes me sufocam,
mas ainda consigo respirar,
embora sem fôlego,
falhado,
escasso,
continuo a emitir gemidos,
lentos,
borbulhantes,
esquecidos,
com a voz desgastada
pelo tempo.
Sou completamente vazio,
me faço na ausência que resta.
Os segundos me arrastam,
embora seja um caminhar
sem vida,
desgastado,
quase morto,
continuo a existir,
enquanto eu não queria.
Sou literalmente solidão,
me faço no desabitado
dos corações incapazes
de amar.
A decadência dos minutos
me abandonam a sorte,
sozinho,
desacompanhado,
só,
permaneço em mim,
esperando a perca inevitavel
que diz que não estarei
mais aqui para apreciar
o engano da minha
triste existência.

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