642 coisas sobre as quais escrever #1

01/642 - Descreva a sua aparência física (na terceira pessoa), como se você fosse uma personagem de livro.

Ainda não era noite, mas havia um vento gelado que bagunçava os seus cabelos castanhos e cacheados de um lado para o outro. Ela quase não sentiu as pinceladas de vento a tocando, ou pelos menos fingia não se importar, afinal o nervosismo fazia a sua pele tonalizada em tons de pardo formigar de um jeito que ela nunca sentiu. De vez em quando o chão parecia desintegrar-se a sua volta, e cada passo que dava, era como pisar em um botão que aumentava descontroladamente sua ansiedade e inquietude. 

Seus pulmões tentavam absorver o máximo de ar possível, mas ela já estava ofegante e mal conseguia controlar o ritmo apressado de seus passos, mas sabia exatamente aonde estava indo, e isso era uma das principais razões que a deixavam com um medo tremendo, daqueles que é impossível controlar. Olhou rapidamente para o vidro de um dos carros parados na calçada, em seguida ajeitou a franja para que não não continuasse caindo entre os óculos. 

Ela sentia o gosto do batom entre os lábios, um capuccino que não deixava transparecer um tom mais escuro que sua pele. Checou mais uma vez no reflexo da tela do celular o fino delineado sobre os seus olhos castanhos médios e o rímel que deixava suas sobrancelhas definidas e arqueadas. Ela não queria se atrasar, e embora estivesse adiantada, não parava de observar os detalhes mais insignificantes de sua aparência. 

O esmalte bege tinha uma tonalidade quase semelhante a da sua pele. As pulseiras em seu pulso balançam fazendo um chacoalhar que começava a irritá-la, odiava barulhos repetitivos, exatamente por eles roubarem a sua atenção. Ela não tinha mais certeza de nada, mas soube que era ali que ela precisava estar: viu de longe a figura alta também vindo em sua direção. 

Então sorriu. Um sorriso que inundava todas as partículas vivas do seu rosto. Seus passos começaram a suavizar. Respirou fundo algumas vezes antes de ajeitar a franja que voltará a cair no rosto que também havia começado a aquecer-se, suas pernas brincavam de tremer, e teve receio de que alguma parte do seu corpo falhasse, mas ela continuou avançando devagar até se ver diante dele, inundada por pensamentos que nunca pareceram tão íntimos e ameaçadores para si mesmo. E ali começava uma nova história. 

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