Quem é vivo sempre aparece

Não te escrevi nenhuma carta nesses últimos meses, até porque hoje em dia carta é raridade, mas eu adorava passar o meu tempo livre escrevendo naqueles páginas em branco longas declarações de uma apaixonada que não sabia viver sem você, mas que precisou aprender a se vivar sozinha de uma hora pra outra. 

Não te mandei mensagem em nenhuma das suas redes sociais, mas também não fiz questão de te excluir de nenhuma delas, você continua lá, parecendo um enfeite de natal sem graça, que já passou da época e que não tem mais importância. Também não vou frequentar mais os seus lugares favoritos para não correr o risco de esbarrar por você, quem sabe não te reconheço de longe em uma estação do metro. 

Não vou correr atrás e nem vou dizer todas as coisas que estão presas aqui no peito, porque vou apagar as palavras não pronunciadas, vou esquecer as frases prontas e as mensagens que nunca tive coragem de falar. Não te dei notícias das últimas semanas, não te mandei um recado na caixa postal falando do novo estágio que consegui, e nem de como tem sido difícil focar no TCC da faculdade com tanta coisa na cabeça. 

De tanto te esquecer, eu finalmente aprendi a não te fazer presente na minha vida. Quando você aparecer, não vou mais criar histórias que nunca irão acontecer de verdade, não vou mais inventar um milhão de motivos para ir atrás ou pra acreditar de novo na gente, afinal, quem é vivo sempre aparece. 

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