Teu desafeto me afetou


Eu sei que é clichê falar sobre amores não correspondidos, mas é quase inevitável não falar sobre você; é uma música, um filme, um texto, um livro, a chuva, o pôr do sol. Tudo me faz te lembrar. E vai ficando quase impossível não recordar as nossas histórias, nossos momentos. E à medida que eu vou juntando os cacos ressurge em memória todas as tuas promessas, todas as vezes que me fizeste acreditar que estava valendo à pena me subtrair para estar ao teu lado. E todas as minhas tentativas de te mostrar que eu merecia um pouco mais de afeto foram vãs. 

Quanto mais eu me apaixonava por você, menos você me queria por perto. E até hoje eu me questiono, porquê? Era tão difícil assim ser sincero, confessar que ai do outro lado não existia reciprocidade? Foi incalculável tua falta de respeito aos meus sentimentos. Teu desafeto me afetou ao ponto de me fazer pensar que o problema de não funcionarmos como um casal era eu, como se tu foste repleto de qualidades e não tivesse um defeito sequer. Cega estava eu, só podia. Olha só para você, carregando essa máscara de bondade, fazendo quantos outros corações se quebrarem nessa mesma brincadeira? 

Ah moreno, como você conseguiu que eu me rebaixasse tanto aos teus caprichos? Me sustento no argumento de que não mandamos no coração e ele por ter vida própria me levou a conhecer os mais baixos degraus da tristeza, por sentir falta de alguém que sempre o fez de gato e sapato. Juro que por muito tempo eu não me reconheci. Eu olhava meu reflexo no espelho e não via ali a menina encantadora que um dia habitou em mim. Você apagou cada pedaço de luz que existia aqui dentro e eu tola, me conformei, era necessário abrir mão de algumas coisas para estar ao lado do amor da minha vida.

TOLA, tola. Mil vezes eu repeti essa palavra para me castigar por não ter percebido antes o teu descompromisso comigo. A tua falta de amor, de carinho, de respeito. Teu desafeto me afetou ao nível de fazer com que minha única vontade fosse estar trancada em meus próprios pensamentos, feito naufrágio em meio aos lençóis sem conseguir levantar, me obrigando a sentir o gosto amargo da solidão não bem-vinda. Antes, eu abria a porta e deixava que ela me fizesse companhia por alguns dias e depois quando já não era mais necessária eu a libertava e a via voar para longe. E por muito tempo ela se recusou a ir embora, aliás, entrou sem que eu pedisse e fez de mim sua morada quase eterna. 

- Victória Dantas
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Comentários

  1. O que fazer com todos esses abandonos não é mesmo?

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    1. Tentar superar a medida do possível e tirar alguma lição de tudo isso!

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  2. acho que somos vulneraveis, quando o assunto se remete ao amor, meio cliche concordo, mais se tornam historias para serem contadas, ate lembranças para serem guardadas dentros de nos, o amor é um sentimento incrivel, por nao ser explicado.
    http://www.dosedeestrela.com.br/

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    1. Que comentário inspirador Samanta <3 O amor realmente é algo que não conseguimos explicar e ainda bem que alguns amores se tornam histórias a serem contadas... Volta mais vezes <3

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