Não tenha medo de pontos finais


Algumas coisas são inevitáveis, e o fim, é uma delas. 

Às vezes, é algo que já estamos convictos de que irá acontecer, e existem outros instantes em que o fim é apenas mais uma surpresa que a vida expõe quando menos esperamos, é como não saber quais folhas cairão de uma árvore no próximo outono, ou quantas vezes irá chover nos próximos meses, existe uma previsão, porém a incerteza é tudo o que ainda prevalece. 

E uma parte de mim continua sendo assim: tentando adivinhar quando começará o próximo capítulo, quem serão os novos personagens, como será o lugar onde se passará a primeira briga, ou o último beijo, ou a inusitada partida, é tudo tão incerto que a nossa mente faz questão de pregar peças. 

Finais nos deixam em pânico, mudam a maneira como somos capazes de controlar nossos próprios pensamentos, a segurança que temos de tudo desaparece tão rápido, como uma brisa instantânea bagunçando seus cabelos, como aqueles cinco minutinhos que damos a nós mesmos em uma manhã fria e cinzenta. Tudo se torna limitado quando os finais nos atingem como se fossemos o alvo. 

Seja o fim de um relacionamento que você se esforçou para manter por tantos anos, seja o fim daquelas amizades que você jurou preservar pela eternidade, ou o fim de um emprego que você lutou muito para conquistar [...] fins, ao mesmo tempo em que são libertadores, são cansativos e nos fazem imaginar que estamos levando um pesar dentro do peito. 

Fins são a combinação de tudo que é necessário e essencial, ainda que arranquem inúmeras lágrimas e noites inteiras de insônia. Finais são a certeza que temos de que poderemos recomeçar quando tudo chegar ao fim, é a garantia de que ainda teremos a oportunidade de abraçar novas causas, ou descobrir novos propósitos. 

As pessoas se prendem ao que fazem, aos relacionamentos que não dão certo, as coisas do passado que atrasam o presente, as derrotadas que insistimos em reviver tantas vezes, mesmo que já tenhamos nos levantado depois de inúmeras quedas. Essas e tantas outras histórias precisam de um final, porém um final que represente um recomeço, uma nova esperança, uma nova maneira de observar a vida. 

Nós temos a mania de nos apegar ao que temos hoje com medo de enfrentar os finais, porém não é o fim que afeta tanto a nossa coragem e ousadia, e sim o receio do que virá depois, a inquietação quanto ao que acontecerá quando deixarmos o apego para trás. 

Talvez você não tivesse conhecido aquela pessoa incrível, e nem tivesse aprendido tanto no seu emprego atual se não fosse o fim daquele antigo relacionamento ou o fim do seu estágio naquela empresa. Finais existem para mostrar algo que a maioria das pessoas ainda não enxergam.

Lembre-se, aquele fim é apenas um recomeço. 

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