E se eu tivesse coragem


(Leia essa crônica ao som de Demons - Imagine Dragons) 

Eu quis folhear aquelas minhas histórias antigas e nunca abandoná-las, regressar em tempos passados e jamais olhar para trás, corrigir os erros que não foram perdoados, entender porquê cada queda me curou de mim mesma, e entender quando foi a primeira vez que observei o mundo com esses olhos, que agora encaram o passado como uma lâmina sendo apontada para o presente.

Não permaneci sobre os mantos negros da discórdia, e não precisei recorrer ao caos da minha cidade para achar as perguntas que precisavam ser ditas, e enquanto a justiça continuava incendiando minhas veias como pólvora sendo domesticada pelo fogo, eu tentei me manter sempre aquecida pela herança da batalha, pela misericórdia de nunca desistir e pelo fôlego de jamais abandonar a imposição

Eles me escolheram para a guerra, e quando eu estava distraída, com uma espada na mão, olhando o oponente como se fosse o abismo que separava a vitória da derrota, o nome guerreira martelava freneticamente em meus pensamentos, pois era somente essa certeza que eu os ouvia murmurando, e após isso, a dor de não fazer parte da imposição era como apagar essa única palavra, as letras que me fizeram continuar resistindo por tanto tempo, a minha fortaleza oculta, e se eles soubessem dos meus devaneios mentais, eu não estaria mais aqui. 

Uma parte de mim passou anos fugindo do confronto, se distanciando da fronteira que regia nossa cidade, abrindo espaço para um vazio ainda maior que apenas a desistência proporcionava. Não havia controle, não havia paz, e não existia absolutamente nada capaz de me fazer parar, até a imposição me achar. 

E eu temi a morte, porém a outra parte de mim era ainda mais forte e venceu quando tudo o que restavam eram segundos para meu coração ser quebrado e arrancado de mim, e aquela força que era imposta desde o nascimento finalmente se tornou real, e era apenas uma chama se expandindo dentro de mim, e então eles me chamaram de guerreira, e desde esse dia, eu nunca deixei que a guerreira dentro de mim morresse.

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