Me permiti lamentar pela desistência, pela renúncia


Chorei por não conseguir ser forte o tempo todo, quando o peso do mundo esmagou a única esperança que ainda poderia restar, quando minhas incertezas eram tudo o que ainda me mantinha ali, acreditando que uma parte de mim jamais deixaria a inocência adormecida, e que a falta de fé não poderia me levar a estrada seguinte.

Chorei com sua partida, quando não senti o cheiro adocicado do seu perfume favorito entre minhas coisas, e quando seu abraço apertado não tinha mais aquele efeito tranquilizador de antes, e quando seu sorriso não era mais aquela droga viciante que não poderia faltar no meu dia, quando não permiti que suas palavras penetrassem o lado mais vulnerável da minha alma, e quando o amor adormeceu em meus braços como uma verdade que jamais será dita.

Chorei por coisas tão bobas, e chorei quando rir não era o bastante, quando sua saudade transbordou em meu peito como uma flecha que paira em direção ao alvo sem retroceder, quando meu corpo estremeceu por um desejo que parecia consumir minha lógica e meu senso de humor tão facilmente. Implorei por atenção, e chorei quando o silêncio era o único som que eu não poderia ouvir.

Mas isso não me destruiu como imaginei, ao contrário, cada decepção me fez mais forte, me deu a possibilidade de encontrar um novo caminho para seguir, uma infinidade de outras consequências, e quando as portas finalmente se fecharam, eu não relutei em deixar que aquelas velhas e conhecidas lágrimas molhassem mais do que apenas minha pele, permiti que cada uma arrancasse  a mágoa, a decepção, a covardia, e cada ponto fraco que não me permitia ser a garota que sempre quis ser. 

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